Mato Grosso é peça-chave para o desenvolvimento sustentável, já que lidera a pecuária brasileira, sendo responsável por 30% da carne bovina exportada pelo país. Por isso, Cuiabá (MT) foi escolhida para a 2ª edição dos Diálogos Boi na Linha. A série de três encontros, realizados pelo Imaflora – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola, busca explorar os desafios e oportunidades da bovinocultura, oferecendo um espaço para troca de experiências e construção coletiva de soluções.
Em Cuiabá, o Cenarium Rural recebeu, no dia 23 de outubro, quatro painéis com temas focados em transparência, legalidade e inclusão na cadeia pecuária brasileira. Um dos pontos-chave na discussão envolveu a necessidade de ampliar a aderência aos compromissos ambientais exigidos pela legislação brasileira, como o TAC da Carne, que completa 15 anos de sua implementação.
O gerente de Projetos do Imaflora, Lisandro Inakake comentou sobre os desafios que surgiram nos últimos cinco anos, desde a criação do Programa Boi na Linha – que dispõe de ferramentas para garantir a implementação dos compromissos socioambientais assumidos pelos signatários dos TACs.
“A criação de uma agenda positiva de inclusão permite que uma maior quantidade de animais abatidos em estados como Mato Grosso, por exemplo, atenda a esses requisitos sociais e ambientais, desvinculando a pecuária brasileira do desmatamento ilegal, da invasão de áreas públicas, de unidades de conservação, terras indígenas e do trabalho escravo”, resumiu Inakake.
Construindo pontes na cadeia produtiva da carne
Nesse sentido, os Diálogos Boi na Linha surgem como uma oportunidade para debater maneiras de aumentar a aderência a essa agenda, coletar percepções, entendimentos e necessidades a fim de ampliar a adequação aos referenciais que o programa Boi na Linha traz em apoio ao Ministério Público Federal. “Precisamos manter um processo de diálogo frequente, contínuo e em longo prazo”, afirmou Inakake.
O diretor comercial do Grupo Frialto e presidente do Sindicato dos Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Bellincanta, evidenciou como a conscientização do produtor é um caminho mais efetivo do que a exigência da obediência sob pressão ou sob coerção. “Por isso, a proposta do evento é excelente, porque traz o Ministério Público, os produtores e a indústria para um diálogo, um entendimento mútuo”, definiu.
Enfatizando a busca dos pecuaristas em atender às demandas do mercado, o presidente da Famato – Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Vilmondes Tomain destacou a importância do encontro para entender melhor o conceito do Programa Boi na Linha. “Sempre precisamos melhorar para ganhar espaço e negociar da melhor maneira possível”, acrescentou.
A diretora executiva do Imac – Instituto Mato-grossense da Carne, Paula Sodré Queiroz concordou com Tomain sobre a relevância do aprendizado e comentou sobre a importância da contribuição dos pecuaristas. “Somos sustentáveis, com um protocolo sério, baseado no Código Florestal”, completou.
Por vídeo, o procurador da República do Ministério Público Federal em Mato Grosso, Erich Masson comentou sobre a relevância da cadeia produtiva para a economia do estado e do Brasil. “A cadeia é muito importante e está intimamente relacionada ao uso da terra. Cerca de 92% dos abates no estado são realizados por frigoríficos que têm acordos conosco”, disse, destacando como a parceria com o Programa Boi na Linha tem contribuído para melhorar os protocolos existentes e apoiar tanto os produtores quanto os frigoríficos.
“O Boi na Linha nasceu para reunir todas as partes em volta da mesa, buscando soluções para conciliar a cadeia da pecuária de corte com os desafios de sustentabilidade e econômicos”, finalizou a diretora do Programa de Ciência do Clima, Uso da Terra e Políticas do Imaflora, Isabel Garcia-Drigo sobre os Diálogos Boi na Linha.
Sobre o Boi na Linha
Lançado em 2019 pelo Imaflora em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), o Boi na Linha articula os elos da cadeia produtiva da carne e do couro na Amazônia Legal, interligando produtores, frigoríficos, curtumes e varejistas. O objetivo do programa é garantir a implementação dos compromissos socioambientais assumidos pelos signatários dos TACs.
A plataforma online disponibiliza dados, ferramentas e informações sobre o setor de forma totalmente aberta e transparente para a promoção de uma cadeia livre de irregularidades socioambientais.
Além da parceria com o MPF, a iniciativa conta também com o apoio da ABIEC e financiamento da União Europeia e demais organizações: Moore Foundation, Partnerships for Forests, NWF, Instituto Clima e Sociedade e Great for Partnerships do Reino Unido.
Sobre o Imaflora
Desde 1995, atua na promoção do uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais. Suas ações conciliam conservação ambiental e desenvolvimento econômico, atendendo a demandas das cadeias florestais, agropecuárias, da sociobiodiversidade e da agenda climática. Realiza trabalho em campo, assistência técnica, serviços ESG e certificações, além de pesquisa e desenvolvimento de dados.
