Marcos Molina, controlador da empresa, afirmou estar confiante com o andamento do processo de criação da MBRF.
A Marfrig deve aproveitar sua diversificação geográfica para contornar os efeitos do tarifaço que o presidente americano, Donald Trump, impôs ao Brasil, e sinalizou que está “otimista” com o segundo semestre, apesar das restrições comerciais. Além de produzir carne em outros países, a companhia também está buscando mercados alternativos para vender a carne bovina que hoje exporta aos Estados Unidos a partir do Brasil. No segundo trimestre, os EUA representaram 2% da receita de embarques da Marfrig na América do Sul a partir da operação brasileira.
A companhia também atua em frigoríficos na Argentina e no Uruguai, onde os preços da carne já subiram 10% desde o início do tarifaço americano contra o Brasil. “Nossa diversificação geográfica nos trouxe algumas vantagens”, disse Rui Mendonça, CEO da operação América do Sul da Marfrig, em teleconferência de resultados com analistas, na sexta-feira (15/8).
Apesar do tarifaço, ele disse estar “otimista” com as vendas do segundo trimestre. Só neste ano, a companhia obteve 24 novas habilitações para exportação de carne bovina, e o Brasil também está abrindo novos mercados. Na sexta-feira (15), o governo brasileiro anunciou que as Filipinas abriram seu mercado para a importação de miúdos e carne bovina com osso do Brasil. Mendonça também citou a Indonésia como um país que abriria mercado para o produto brasileiro. Segundo ele, os miúdos e a carne com osso oferecem uma rentabilidade “interessante”.
Para a produção brasileira que hoje vai aos EUA, a Marfrig disse estar atenta “aos desdobramentos desse novo cenário, ocasionado pela elevação de tarifas, e prontos para capturar as melhores oportunidades comerciais, avaliando os melhores destinos de substituição, ou mesmo o incremento da produção de hambúrgueres e outros processados, sem redução de produção, e sempre focado em maximizar margens”, declarou David Tang, diretor financeiro da Marfrig, na teleconferência.
Mendonça, por sua vez, ressaltou que nos próximos meses começam a aquecer os pedidos da China para os preparativos do Ano Novo Chinês. Já no segundo trimestre, o preço médio de vendas para o país asiático subiu 25%. “As expectativas são muito favoráveis”, afirmou.
Fusão com a BRF
A empresa também se diz otimista com o andamento do processo de fusão com a BRF. Marcos Molina, o controlador das duas companhias, demonstrou confiança com a análise do processo de fusão no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Vemos o processo com serenidade. A votação virtual indicou 4 a 1, votos técnicos, e aguardamos a reunião final em 20 de agosto, confiantes de que a aprovação será concedida”, disse ele na teleconferência com analistas na sexta-feira.
Segundo Molina, a MBRF, empresa que será o resultado da união entre Marfrig e BRF, “nasce eficiente, com uma estrutura de capital forte, mesmo após o pagamento de dividendos aos acionistas BRF e Marfrig”. Ele disse que a MBRF seguirá com a política de distribuição de dividendos, “assim como a Marfrig nos últimos anos”.
O empresário afirmou ainda que a MBRF será “uma empresa competitiva, multiproteína, que permitirá ao consumidor brasileiro [ter] acesso a produtos de alta qualidade a custo mais baixo, beneficiando-se da eficiência operacional”.