Os preços mais altos da carne bovina nos Estados Unidos refletem tanto a redução do rebanho doméstico quanto os efeitos práticos das tarifas impostas sobre a carne brasileira, que tinha papel central no abastecimento americano.
Quem explica essa questão com exclusividade à Mundo Agro é Bruno Suzuki, Analista de Diversificação Internacional da InvestSmart XP. Segundo ele, sem os cortes magros importados, frigoríficos são forçados a utilizar cortes nobres do gado local, elevando também o custo de bifes e churrascos, o que amplia a pressão sobre consumidores e redes de fast-food.
“Na prática, o tarifaço funciona como um imposto indireto sobre o consumidor americano, reforçando pressões inflacionárias nos produtos tarifados. Embora os efeitos não tenham sido imediatos, os dados de arrecadação já indicavam que o repasse para o consumidor aconteceria em algum momento. O impacto não foi maior porque itens centrais da cesta americana ficaram de fora das tarifas impostas pelo governo Trump”, destaca.
Segundo ele, de maneira geral, não devemos observar uma nova alta nesses preços, uma vez que o impacto da tarifa-base já foi incorporado e seus efeitos foram transmitidos praticamente de forma imediata. “Em relação à manutenção desse nível mais elevado, é provável que haja certa resiliência, já que, mesmo que ocorra substituição de exportações para países com tarifas menores, a tarifa-base dos Estados Unidos em termos globais está mais alta, o que tende a sustentar preços acima do patamar observado antes da aplicação das tarifas”, detalha.
Quanto às projeções, o cenário é mais sensível de detalhar, de acordo com ele. “Mas nossa visão é que, caso o impacto represente um ônus relevante, não se pode descartar a possibilidade de medidas por parte do governo para mitigar esse efeito como já ocorreu anteriormente, quando determinados ativos foram retirados da lista de produtos tarifados”, explica.