Brasil terá participação na feira halal MIHAS, em Kuala Lumpur.
Empresas brasileiras de alimentos estão a caminho da Malásia para participar da feira especializada em consumo muçulmano MIHAS, a partir de 17 de setembro em Kuala Lumpur, a capital do país.
A comitiva conta com a gigante BRF, das marcas Sadia e Perdigão; a fabricante de insumos para a indústria alimentícia Milhão Ingredientes; a produtora de panificados Pão&Arte, além de outras empresas que igualmente miram maior inserção para seus produtos no mercado malaio e no resto do Sudeste Asiático.
A missão integra as atividades do Halal do Brasil, projeto da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), criado em 2022 para fomentar a exportação de alimentos para mercados muçulmanos, a Malásia entre os mais importantes.
No ano passado, o país importou US$ 22,98 bilhões em alimentos e bebidas do mundo (alta de 15,44% sobre 2023), sendo US$ 4,30 bilhões (+5,92%) só do Brasil. “A Malásia vêm importando crescentes quantidades de alimentos e apresenta tarifas de importação muito atrativas”, lembra Fernanda Dantas, gerente do Halal do Brasil na Câmara Árabe-Brasileira.
“O país também vem se posicionando como um hub relevante de exportações, além de oferecer acesso muito vantajoso do ponto de vista tarifário aos [11] países da ASEAN [Associação de Países do Sudeste Asiático] em operações trianguladas”, acrescenta Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Em sua terceira participação na MIHAS, a BRF pretende utilizar a mostra para consolidar sua rede de parceiros no país, considerado estratégico para a expansão na região. A Milhão Ingredientes, em sua segunda incursão, vai destacar produtos recém-certificados com selo halal, de produção conforme a preceitos islâmicos, assim como a estreante Pão&Arte, que levará pães de queijo certificados já vendidos em outros países islâmicos.
Conforme explica Fernanda Dantas, o alimento certificado como halal difere do convencional por seu método produtivo, que respeita preceitos do islamismo. No caso dos industrializados, os ingredientes, por exemplo, não podem conter substâncias como derivados suínos e álcool, cujo consumo é proibido ao muçulmano pela religião.
No caso das carnes, que excluem a suína, de consumo proibido, além de medidas contra contaminação cruzada, o abate deve ser realizado sob rito islâmico. A criação do animal deve seguir princípios de bem-estar e ser feita com insumos permitidos. A cadeia produtiva também deve remunerar adequadamente trabalhadores e proteger o meio ambiente.
Dantas lembra que na Malásia a certificação halal é particularmente valorizada no segmento de alimentos. A população muçulmana do país, 64% dos 35 milhões de habitantes, convive com várias outras culturas e faz questão de saber se o que consome respeita suas tradições culturais, especialmente os alimentos importados.
“Por essa razão, os produtos com certificação acabam sendo um diferencial, tendo, inclusive, sua promoção destacada nos supermercados. E mesmo quando o selo halal não é obrigatório, os fabricantes acabam optando pela certificação”, afirma a especialista.
As empresas participantes do Halal do Brasil, segundo Dantas, além de apoio para participar de missões a feiras como a MIHAS, também recebem orientação sobre certificação e, em alguns casos, subsídio para a primeira auditoria.
Lançado no final de 2022, o projeto apoia atualmente 138 empresas, das quais 86 já realizaram ao menos uma exportação. A iniciativa também promove rodadas de negócios entre empresas brasileiras e importadores muçulmanos.