O Sistema Faesc/Senar e a Safras & Mercado promoveram na noite de segunda-feira (25) mais uma edição do webinar gratuito voltado a produtores, dirigentes sindicais, técnicos e demais profissionais do agronegócio. O encontro abordou o tema “Cenário de oferta e demanda global e perspectivas de mercado de Carnes e Leite” e reuniu participantes de diversas regiões em busca de informações estratégicas para fortalecer a tomada de decisões no setor.
A palestra foi conduzida pelo analista sênior da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, reconhecido por acompanhar de perto os movimentos dos mercados no Brasil e no mundo. Na abertura, o presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, destacou que os eventos, realizados a cada dois meses, representam oportunidades de atualização e de tomada de decisões com base em dados confiáveis. Ele enfatizou a relevância da participação de Iglesias, ressaltando que o especialista apresentou uma análise detalhada do cenário global de carnes e leite, além de responder a questionamentos sobre impactos econômicos, geopolíticos e tarifários recentes.
MERCADO DE LEITE
Iglesias iniciou a explanação com abordagem no setor de lácteos e trouxe uma mensagem otimista. Segundo ele, em várias regiões do Brasil, pecuaristas leiteiros alcançaram margens superiores às da suinocultura, reflexo de investimentos em genética, gestão de custos e aumento de produtividade. Lembrou que, após um período turbulento de importação de lácteos do Mercosul, que fragilizou o setor e levou muitos produtores a deixarem a atividade, hoje a pecuária leiteira é extremamente exigente e os que permaneceram estão mais eficientes e com retornos consistentes.
O analista destacou também que a queda nos preços de insumos, como milho e farelo de soja – impulsionada pela super safrinha e pelo mercado de biodiesel – contribuiu para reduzir os custos de produção, abrindo melhores perspectivas de rentabilidade.
TARIFAS DOS EUA E SEUS IMPACTOS
Ao abordar o adicional de tarifas imposto pelos Estados Unidos, Iglesias observou que o Brasil atravessa um momento delicado na relação comercial com o país. O especialista destacou que o Brasil enfrenta dificuldades de contenção de gastos e, ao mesmo tempo, vive um cenário de turbulência nas relações comerciais com os Estados Unidos, marcado pelo impacto das tarifas impostas recentemente. Essa conjuntura, somada às tensões geopolíticas globais e às incertezas internas, pode levar a uma maior desvalorização do real nos próximos meses.
CRÉDITO E CENÁRIO INTERNO
Outro ponto de alerta foi o crédito no agronegócio brasileiro, classificado por Iglesias como crítico. Ele citou a inadimplência elevada, os juros altos e o encarecimento dos fertilizantes como fatores que desestimulam investimentos e comprometem o planejamento da próxima safra. A atratividade da renda fixa, segundo ele, também leva produtores e empresários rurais a repensarem decisões de risco, o que pode resultar em retração de investimentos.
No mercado doméstico, destacou a alta da arroba do boi gordo na primeira quinzena do mês e sua posterior acomodação, além de um cenário mais contido para a carne de frango, afetada pela ausência de alguns mercados. Também pontuou a recuperação dos preços da suinocultura e o fato de que a população continua optando por proteínas mais acessíveis.
EXPORTAÇÕES E BIOSSEGURIDADE
Iglesias afirmou que a expectativa é de um forte ritmo de embarques no restante de 2025, com potencial de novos recordes. O Brasil busca diversificar mercados e reduzir a dependência da China. Japão e Coréia do Sul são alvos prioritários do Brasil e, além disso, apenas os estados do Sul devem ser habilitados a exportar carne bovina para o Japão, segundo rumores.
O especialista também destacou quer, embora o país seja referência mundial em biosseguridade, especialmente após a resposta eficaz à influenza aviária de alta patogenicidade no Rio Grande do Sul, ainda enfrenta embargos de grandes compradores, como China e União Europeia. O status de livre de aftosa, contudo, abre novas oportunidades, sobretudo no mercado japonês.
CENÁRIO GLOBAL
No panorama internacional, Iglesias ressaltou que o México tem fortalecido sua produção de carne bovina e de frango, com prioridade às compras dos Estados Unidos. Já o Uruguai está bem posicionado no comércio global, a Argentina enfrenta redução de rebanho e menor abate, e os EUA têm dificuldades causadas pela posição do rebanho.
Em sua análise final, Iglesias destacou que o Brasil deve manter a liderança mundial nos embarques de carne bovina e de frango em 2025/2026, mesmo diante dos desafios sanitários e tarifários. Ressaltou que o ciclo pecuário segue em processo de inversão e que o mercado de grãos impõe incertezas que exigem maior estratégia dos consumidores. Para 2025/2026, previu que a indústria frigorífica seguirá focada nas exportações, ampliará mercados e agregará valor ao produto brasileiro.
PRÓXIMO WEBINAR
O próximo webinar será no dia 27 de outubro sobre o cenário do arroz com o especialista Evandro Oliveira. As inscrições podem ser feitas pelo site: www.sistemafaesc.com.br.
