A pecuária brasileira é um dos motores do agronegócio nacional, e no Norte do Brasil ela se revela com características próprias, desafiadoras e ao mesmo tempo cheias de oportunidades. É nesta região, marcada pela alta umidade, fotoperíodo prolongado e chuvas bem distribuídas, que se concentram áreas extensas de pastagens que sustentam parte significativa do nosso rebanho. Mas é também no Norte que surgem problemas recorrentes, como a maior incidência de plantas daninhas lenhosas e semilenhosas, além de cipós e espécies de difícil controle. Para lidar com esses desafios, manejo técnico e atenção redobrada são fundamentais.
Historicamente, muitas dessas áreas foram convertidas em pasto nos anos 1980 de forma pouco planejada, com baixo nível tecnológico. Em alguns casos, após a extração de madeira, com uso de fogo e simples lançamento de sementes, sem preparo de solo. Essa conversão sem planejamento, deixou como herança: áreas degradadas, capins enfraquecidos e solos exauridos. Hoje, mesmo com alta pluviosidade, não é incomum encontrar pastos no Norte sem vigor e com infestação de plantas indesejáveis.
A realidade, entretanto, mudou. O avanço da agricultura nas regiões vizinhas fez com que a pecuária precisasse se modernizar para continuar competitiva. Produtores que desejam permanecer na atividade perceberam que investir em tecnologia não é opção, mas condição de sobrevivência. Hoje já se vê o uso crescente de herbicidas adubação, sistemas de pastejo rotacionado, integração lavoura-pecuária e terminação em confinamento. O pecuarista que mantém práticas sem tecnologias e inovações corre o risco de perder espaço, seja por inviabilidade econômica, seja pelo arrendamento de terras para agricultura.
Outro ponto essencial é o manejo correto no início do período chuvoso. No Norte do Brasil, as primeiras chuvas costumam ocorrer entre setembro e outubro, e é justamente nesse momento que plantas daninhas germinam a partir do banco de sementes do solo, ao mesmo tempo em que espécies perenes retomam sua atividade metabólica. É a hora estratégica para o controle. Intervenções nesse estádio trazem maior eficiência, pois as plantas estão metabolicamente ativas e ainda jovens. Além disso, o retorno é rápido: ao eliminar a mato-competição logo no início das águas, o pecuarista desfruta de pastagens produtivas durante todo o período chuvoso.
Apenas uma aplicação bem-feita não é garantia de produtividade da área. Ela deve estar atrelada ao manejo correto da pastagem. Após o tratamento com herbicida, recomenda-se um intervalo de 60 dias sem animais, para que a área possa se recuperar, e então se retome os ciclos de pastejo. Caso ocorra pastejo da área, antes de sua plena recuperação, pode ser que o capim ainda não tenha coberto todo o solo, criando condições para reinfestações a partir da germinação de sementes de plantas daninhas em áreas que ficaram expostas a luz solar. Uma aplicação bem-feita, combinada ao manejo correto do capim, garante não apenas produtividade, mas também sustentabilidade econômica da atividade.
Por fim, é preciso ressaltar que investir em pastagens não é apenas gastar: significa colher resultados. Um pasto vigoroso, bem manejado, traz retorno financeiro direto ao produtor, seja pela maior capacidade de suporte, seja pela redução de custos com reformas e controles repetidos. A pecuária do Norte tem desafios únicos, mas também um enorme potencial. Com técnicas modernas, respeito às condições locais e olhar de longo prazo, o produtor da região pode transformar pastagens degradadas em ativos de alta produtividade, consolidando o papel estratégico da pecuária no fortalecimento do agro brasileiro.














































