Foram liberadas as compras chinesas de DDG, farelo de amendoim, miúdos de aves, carne de pato e carne de peru.
Os chineses confirmaram a expectativa e autorizaram a exportação do DDG brasileiro, coproduto oriundo do processamento das usinas de etanol de milho. Rico em proteínas, o item é usado para a alimentação animal.
A pauta era encabeçada pela União Nacional de Etanol de Milho (Unem). O presidente da entidade, Guilherme Nolasco, está na China e acompanha as agendas bilaterais.
A China ainda abriu seu mercado para a exportação de farelo de amendoim do Brasil. Na manhã desta terça-feira (13/5), noite em Pequim, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, assinaram o protocolo de requisitos sanitários e fitossanitários para a exportação de proteínas e grãos derivados da indústria do etanol de milho (o DDG) e de farelo de amendoim. Pelo lado chinês, o documento foi assinado por Sun Meijun, ministra da Administração-Geral de Alfândegas (GACC, na sigla em inglês).
Os ministros assinaram também o protocolo sobre inspeção, quarentena e requisitos de segurança de alimentos para exportação de carnes de aves para a China. Na prática, o documento oficializa a abertura de mercado da China para as exportações de miúdos de aves, carne de pato e carne de peru.
Em cerimônia com a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping também foram assinados memorandos sobre medidas sanitárias e fitossanitárias e para cooperação na área de etanol. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também assinou um memorando de entendimento em inteligência artificial e agricultura.
Após as assinaturas, Lula defendeu o multilateralismo. Sem citar os Estados Unidos, o presidente disse que o mundo ficou mais fragmentado e que guerras comerciais não têm vencedores. “A relação entre Brasil e a China nunca foi tão necessária. Há anos, a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo. A defesa intransigente do multilateralismo é tarefa urgente e necessária”, disse, em discurso.
“Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países. Defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, completou.
Mais cedo, durante discurso na sessão de abertura do IV Fórum da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Pequim, o presidente Lula também criticou a imposição de tarifas arbitrárias no comércio internacional.
“O ciclo das commodities dos últimos anos contribuiu para elevar a posição da região [América Latina e Caribe] na economia global. Mas situações de crise mostram que a prosperidade de longo prazo requer trocas equilibradas e economias diversificadas. Sempre existiram distorções no comércio internacional, especialmente no intercâmbio de produtos agrícolas, cujo tratamento nunca avançou de forma satisfatória na OMC. A imposição de tarifas arbitrárias só agrava essa situação”, afirmou o presidente Lula.
Ele disse que é necessário reduzir as assimetrias entre os países. “A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas sim aperfeiçoá-lo”.
Lula também ressaltou a importância da integração da China com os países sul-americanos e caribenhos para o desenvolvimento da região, principalmente na área de infraestrutura. “O apoio chinês é decisivo para tirar do papel rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão. Mas a viabilidade econômica desses projetos depende da capacidade de coordenação de nossos países para conferir a essas iniciativas escala regional”, disse o presidente.