A atividade leiteira no Brasil passou por uma grande evolução nas últimas cinco décadas e ela foi destaque no livro “Brasil em 50 alimentos”, produzido em comemoração aos cinquenta anos da Embrapa.
Segundo o material, de 1974 a 2021, a produção de leite cresceu 397%, passando de 7 bilhões para mais de 35 bilhões de litros anuais. Já o rebanho de vacas ordenhadas cresceu apenas 47%, sendo que, na última década, tem ocorrido uma queda consistente nesse indicador, que hoje é de 16 milhões de animais, o mesmo que no início da década de 1980. Essa relação se refletiu no aumento da produtividade animal, que cresceu 238% no período, atingindo 2.214 litros/vaca. Esse aumento expressivo da produção, bem acima do nível de crescimento da população, permitiu ao País saltar de um consumo anual de 100 L para 170 L em quatro décadas, disponibilizando mais leite a um menor custo para a população. Esses avanços foram possíveis devido aos ganhos de produtividade dos recursos empregados na atividade.
E o papel da ciência brasileira foi preponderante para permitir essa revolução na atividade leiteira nacional. Na década de 1970, as instituições de pesquisa já contribuíam com a introdução de tecnologias adaptadas ou testadas em condições tropicais. Uma das principais contribuições veio do melhoramento genético animal, que se iniciou pela pesquisa do mestiço leiteiro brasileiro e de estratégias de cruzamentos, seguida pelo pioneirismo na seleção da raça Gir Leiteiro. Na sequência, vieram os trabalhos de seleção para leite na raça Guzerá e na raça tropical brasileira, o Girolando, que conferiram um grande avanço de produtividade nessas raças.
A pesquisa também atuou na avaliação genética nas raças Holandesa e Jersey. Essa melhoria genética dos animais, aliada aos avanços na área de reprodução, permitiram ao Brasil avançar de forma consistente na produtividade animal com a disseminação de genética superior adaptada às diferentes regiões do País. Outro grande avanço foi o melhoramento genético de plantas forrageiras. Até o início da década de 1980, os sistemas pecuários no Brasil eram predominantemente extensivos, tendo como base o uso de pastagens de gramíneas pouco produtivas e de baixo valor nutricional, o que resultava em baixas taxas de lotação e reduzido desempenho animal. Atualmente, as cultivares melhoradas associadas ao manejo adequado das pastagens se expandiram por todos os biomas nacionais. A adoção de diferentes sistemas de produção, com destaque na última década para o compost-barn, associados ao desenvolvimento tecnológico na área de nutrição animal com o melhor entendimento das exigências nutricionais de bovinos em condições tropicais e a produção de alimentos em quantidade e qualidade permitiram maior intensificação da atividade com avanço na produtividade da terra, resultam em maior quantidade de leite na mesma área.
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