A queda nos preços ao produtor ocorre em momento atípico, mas é justificada pelo enfraquecimento na demanda por lácteos na ponta final da cadeia. Levantamentos do Cepea realizados com o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) apontam que o ritmo das vendas dos derivados lácteos se desacelerou mais do que o esperado em abril – sobretudo no caso do queijo muçarela negociado entre laticínios e canais de distribuição paulistas, que resultou em desvalorização de 3% em abril.
Paralelo a isso, a oferta no campo seguiu firme, mesmo diante da proximidade do período de entressafra (primeiramente no Sul e, depois, no Sudeste e Centro-Oeste). O ICAP-L (Índice de Captação do Leite) subiu praticamente 3% de março para abril na “Média Brasil”, superando o crescimento registrado em anos anteriores em muitas bacias leiteiras. O aumento da oferta se explica pelo clima propício, pela boa qualidade de silagem e pelas melhores margens da atividade.
Apesar de os custos com alimentação seguirem persistentemente em alta, as variações neste ano têm sido mais baixas que em anos anteriores. E, mesmo que o poder de compra do pecuarista frente ao milho (relação de troca) esteja diminuindo mês a mês, os resultados do primeiro bimestre ainda foram melhores que os registrados nos últimos anos – favorecendo investimentos na atividade.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de abril/2025)

