Reconhecida internacionalmente pela Manufacturing Tech Insights, StartUs Insights, Food4Future e recentemente incluída no ranking EUROPA’s 100 entre as startups mais promissoras da Europa, a BRAINR agora se prepara para a expansão global. Além da carne, a empresa planeja entrar em setores como panificação, confeitaria, bebidas e outros segmentos alimentícios.
A BRAINR, startup europeia fundada por veteranos da indústria de carnes, acaba de levantar uma rodada seed recorde de €11 milhões — a maior do mundo já realizada por uma empresa dedicada à digitalização da indústria de alimentos, incluindo os segmentos de aves, bovinos, suínos e alimentos pré-cozidos. A rodada foi liderada pelo fundo C2 Capital Partners.
Reconhecida internacionalmente pela Manufacturing Tech Insights, StartUs Insights, Food4Future e recentemente incluída no ranking EUROPA’s 100 entre as startups mais promissoras da Europa, a BRAINR agora se prepara para a expansão global. Além da carne, a empresa planeja entrar em setores como panificação, confeitaria, bebidas e outros segmentos alimentícios.
Segundo Paulo Gaspar, CEO e cofundador da BRAINR, a indústria de alimentos continua sendo uma das menos digitalizadas no mundo, com muitas fábricas ainda baseadas em papel, planilhas e processos manuais. Isso gera desperdícios elevados, falhas de rastreabilidade e riscos para a segurança alimentar. A plataforma em nuvem da BRAINR conecta todas as áreas da fábrica em tempo real, guiando operadores, reduzindo erros e aumentando a eficiência e a rastreabilidade.
De acordo com Gaspar, este investimento histórico vai acelerar nossos esforços em P&D e tornar a inteligência artificial acessível a toda a indústria de alimentos — da menor à maior fábrica. “Nossa missão é clara: construir o cérebro digital de todas as fábricas alimentícias do mundo”, explicou.
André Oliveira, Managing Partner da C2 Capital Partners, destaca que a BRAINR reúne uma equipe altamente experiente. “Além de conhecedora do setor, capaz de simplificar e otimizar operações em fábricas de alimentos de qualquer porte”, afirmou.
Números
O sistema já gerencia mais de 25% de toda a produção de carnes em Portugal, com resultados mensuráveis:
Campoaves (aves): 94% menos erros de expedição, 100% de rastreabilidade digital, certificação IFS.
Avisabor (aves): escalou de 40 mil para 190 mil frangos/dia, reduzindo pela metade o tempo de inventário, sem perder o controle da operação.
Comave (aves): conquistou a certificação IFS em tempo recorde com rastreabilidade 100% digital.
Empresa planeja expansão no Brasil
Com exclusividade, Paulo Gaspar atendeu a reportagem da Mundo Agro. Segundo ele, a empresa pensa em expandir para outros países, como Brasil. “Planejamos expandir para o Brasil no último trimestre de 2025”, disse.
Ele explicou o tamanho dos desperdícios e o impacto das falhas de rastreabilidade e riscos para a segurança alimentar sem uma base de dados digitalizada.
“É estimado que 21% de toda a produção alimentar é perdida mesmo antes de chegar ao consumidor (https://www.brainr.com/artigos/sobreviver-ou-digitalizar-e-prosperar-o-world-economic-forum-defende-que-software-de-gestao-de-fabrica-e-parte-da-resposta). Foi ainda estimado que, na Europa, em 2023 terá havido cerca de 1 milhão de intoxicações alimentares. A BRAINR é um software que se integra com os principais fabricantes de equipamentos da indústria de alimentos, com outros sistemas do setor (ERPs, gestão de criação de animais etc.) e com todas as pessoas da fábrica, por meio de aplicativos móveis Android e aplicações web”, pontuou.
Segundo ele, os aplicativos são desenhados para diferentes níveis de responsabilidade dentro da fábrica:
Smartphone: para operadores nas linhas de produção, nos cais de recebimento e expedição, permitindo registrar movimentos e realizar controles de qualidade sem precisar deixar o posto de trabalho.
Tablet: para gestores de linha, que precisam de mobilidade e ao mesmo tempo de acesso a informações críticas para tomar decisões rápidas.
Web: para equipes administrativas, como gestores de produção e de armazém, controladores financeiros e outros cargos de escritório.
“Tudo isso é alimentado por dados em tempo real, diretamente do chão de fábrica. Alguns dos nossos clientes já reportaram ganhos concretos, como redução de desperdício, diminuição de erros humanos e melhoria na rastreabilidade — especialmente em empresas de maior porte ou com operações produtivas mais complexas. (aqui vídeos de casos de sucess: https://www.youtube.com/@BRAINR-MES). Quanto à expansão, os planos já estão em andamento e prevemos lançar no Brasil no último trimestre de 2025″, finalizou.
Estudo mostra a evolução da maturidade tecnológica no agronegócio
A Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil lançou o Índice Agrotech GS1 Brasil 2024/25, que mensura o nível de automação e digitalização nas fazendas brasileiras, revela avanços e também os desafios para o setor agropecuário. O levantamento faz uma análise evolutiva do período entre 2019 e 2024 para fornecer dados sobre a adoção de tecnologia, automação e digitalização de processos da produção da agricultura e da pecuária no Brasil – desde o uso de maquinários e equipamentos até a integração de dados aos sistemas de gestão.
Em cinco anos, o Índice Agrotech GS1 Brasil cresceu de 0,17 para 0,23, um avanço relativo de 35% – a base de cálculo é de 0 a 1. Esse progresso reflete a incorporação gradual e constante de tecnologias “dentro da porteira”. A expansão da agropecuária de precisão, a adoção crescente de sensores e drones para monitorar lavouras e rebanhos e a melhora da conectividade no campo foram pilares desse movimento.
Entre as soluções mais adotadas estão sensores de solo e clima, maquinários inteligentes e sistemas de rastreabilidade. Essas ferramentas possibilitam ganhos de produtividade, redução de desperdícios e alinhamento às exigências de sustentabilidade, fatores que reforçam a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global.
O índice revela que existe um amplo espaço para crescimento nos próximos anos, sobretudo na plena digitalização das operações, na integração eficaz entre máquinas e sistemas de gestão e na adoção de inovações que promovam a sustentabilidade ambiental.
Segundo Marina Pereira, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, “houve um avanço no nível de maturidade tecnológica medido pelo Índice Agrotech GS1 Brasil, o que reflete um progresso considerável na incorporação de tecnologias voltadas à gestão, automação de equipamentos, digitalização e práticas sustentáveis pelos gestores das propriedades rurais”.
O estudo indica que o agronegócio brasileiro caminha para maior maturidade tecnológica, mas enfrenta barreiras como o alto custo de equipamentos, a falta de conectividade em áreas rurais e a necessidade de mão de obra bem qualificada.
Índice por atividade
Entre 2019 e 2024, tanto a agricultura quanto a pecuária apresentaram avanços no Índice Agrotech, embora em ritmos distintos. Desde o início da mensuração dos indicadores, a agricultura se destaca por apresentar os maiores níveis de automação em comparação à pecuária. Esse protagonismo reflete-se nos resultados das principais atividades agrícolas — grãos, cana-de-açúcar, horticultura e algodão. Nesse período, o índice da agricultura evoluiu de 0,18 para 0,24, aumento de 33% impulsionado principalmente pelo aumento dos investimentos em tecnologias de precisão, entre elas a adoção de equipamentos automatizados e a integração de dados aos sistemas de gestão.
A pecuária, por sua vez – gado de corte, gado de leite, suinocultura e avicultura –, também registrou progresso, com o índice subindo de 0,17 para 0,22. Apesar do avanço de 29%, o ritmo foi mais contido, o que reflete os desafios adicionais relacionados à automação no manejo animal. Entre as atividades pecuárias, o destaque foi o gado de leite, com crescimento de 47% ao longo dos cinco anos, seguido pela avicultura (40%) e o gado de corte (23%). Já suinocultura, apresentou retração de 8% entre 2023 e 2024.
Para a GS1 Brasil, a próxima etapa será marcada pela expansão da conectividade no campo, impulsionada pelo 5G e pela internet das coisas (IoT). A expectativa é que esses avanços acelerem a digitalização do setor, consolidando o país como referência internacional em inovação agrícola.