Mudança no comportamento do consumidor desafia setor de carnes a adotar práticas mais sustentáveis.
Em um cenário onde o consumidor moderno valoriza não apenas o sabor, mas também a origem e o impacto dos alimentos que consome, a Carapreta se destaca como uma marca de carnes premium que alia qualidade, rastreabilidade e responsabilidade socioambiental. “Sustentabilidade deixou de ser tendência para se tornar uma exigência”, afirma Frederico Campos, diretor-geral de operações da empresa.
Com sede em Minas Gerais e presença consolidada em mercados exigentes em todo Brasil, a Carapreta vem conquistando um público cada vez mais atento à jornada do alimento do campo à mesa. Essa mudança de comportamento tem impulsionado transformações profundas na pecuária, exigindo dos produtores uma revisão dos processos sob as perspectivas ambiental, social e ética.
“As pessoas estão mais interessadas em saber de onde vem a carne que consomem, como o animal foi criado e se houve preocupação com o meio ambiente ao longo da produção. Essa cobrança do consumidor tem sido um dos vetores de transformação do setor”, reforça Campos.
Sustentabilidade como parte do processo produtivo
Na prática, essa tendência tem levado empresas comprometidas à adoção de modelos mais inteligentes e sustentáveis. No caso da Carapreta, a implementação de um sistema produtivo baseado em economia circular permite transformar resíduos em insumos e gerar energia limpa sem comprometer a performance zootécnica.
A empresa reutiliza a água da criação de tilápias como fertilizante natural para áreas agrícolas, utiliza dejetos do rebanho bovino para geração de biogás por meio de biodigestores e adota energia solar em grande parte de sua operação. “A sustentabilidade deixou de ser um diferencial. Hoje é um pré-requisito para qualquer marca que pretende se manter relevante no mercado”, afirma o diretor.
Transparência e certificações: o novo padrão de confiança
Outro ponto sensível é a rastreabilidade da produção. Consumidores e parceiros comerciais esperam acesso a informações claras e verificáveis sobre a origem e o histórico sanitário e ambiental dos produtos que consomem.
Para atender essa expectativa, a Carapreta investe em tecnologia e protocolos reconhecidos. A empresa utiliza ferramentas como o Agrotools para monitoramento socioambiental das propriedades fornecedoras e adere a programas como o Boi na Linha e o Protocolo Voluntário do Cerrado, que avaliam riscos de desmatamento, conformidade fundiária e integridade ambiental da cadeia.
Além disso, a marca é certificada pela QIMA/WQS, que atesta boas práticas em bem-estar animal, biossegurança, gestão ambiental e responsabilidade social corporativa — pilares essenciais de uma produção pecuária moderna e responsável.
Sustentabilidade como fator de escolha
O avanço da consciência do consumidor tem impactado diretamente o posicionamento das marcas e os critérios de compra. “Cada vez mais, o consumidor busca um equilíbrio entre qualidade do produto e responsabilidade de quem produz. Isso tem influenciado desde a forma como o produtor estrutura sua propriedade até a comunicação com o público final”, destaca Campos.
No setor de carnes, o desafio é equilibrar produtividade, segurança alimentar e sustentabilidade, de forma que práticas responsáveis deixem de ser um diferencial competitivo e passem a ser um requisito básico para acesso a nichos qualificados e mercados internacionais.
Pecuária de precisão e consumo responsável
Embora a pecuária ainda enfrente desafios para avançar em escala sustentável, iniciativas como as da Carapreta mostram que é possível compatibilizar desempenho zootécnico com redução de impactos ambientais. O uso de tecnologias de pecuária de precisão, monitoramento ambiental, gestão hídrica eficiente e energias renováveis demonstra que é viável produzir proteína animal com elevado padrão de qualidade, segurança e responsabilidade.
“O consumidor de hoje quer mais do que sabor. Ele quer segurança, informação e propósito. Produzir carne com rastreabilidade, bem-estar animal e compromisso ambiental é o que permitirá ao setor crescer de forma ética e alinhada às expectativas da sociedade”, conclui Frederico Campos.
Acompanhe na sequência a entrevista exclusiva de Frederico Campos para a Mundo Agro.
Sustentabilidade deixou de ser tendência para se tornar uma exigência. Como a pecuária brasileira se posiciona diante deste cenário?
A pecuária brasileira vive um momento decisivo, em que a sustentabilidade deixou de ser uma escolha estratégica para se tornar um requisito essencial para a competitividade e a permanência no mercado. Muitas empresas têm se adaptado a essa nova realidade, implementando práticas que garantem uma produção mais responsável e alinhada às exigências ambientais e sociais.
Buscamos estar à frente desse movimento, adotando tecnologias e processos que minimizam impactos e promovem o uso eficiente dos recursos. Nosso compromisso com a sustentabilidade se traduz em ações concretas, como o uso de biodigestores e a adoção de práticas de economia circular, que preservam os recursos naturais e agregam valor ao produto final.
Qual é o atual momento da pecuária brasileira referente à sustentabilidade? Erros, acertos e onde o setor tem que melhorar?
A pecuária brasileira está em um processo de transição e amadurecimento em relação à sustentabilidade. Temos observado avanços importantes em áreas como bem-estar animal, uso racional da água e reaproveitamento de resíduos. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, especialmente na gestão de resíduos e na ampliação da rastreabilidade e da transparência ao longo da cadeia produtiva.
Temos acertado ao implementar um modelo de produção baseado na economia circular e na eficiência no uso de recursos. Acreditamos que o futuro do setor passa pela ampliação do uso de tecnologias, pelo fortalecimento das certificações e pela valorização de práticas que conciliem produtividade com responsabilidade socioambiental.
Diante do novo consumidor, mais exigente, o que os setores – produtivo e varejista – precisam fazer para se adaptarem? Como evoluir neste mercado?
Para acompanhar um consumidor cada vez mais atento à origem dos alimentos, é fundamental que os setores produtivo e varejista avancem em direção a uma comunicação mais transparente e a práticas socioambientais consistentes.
Informações claras sobre os métodos de produção e o compromisso com a sustentabilidade já fazem parte das expectativas de quem consome.
Temos respondido a essas novas demandas com iniciativas como a certificação QIMA WQS, que reconhece nossas práticas em pilares como bem-estar animal, responsabilidade ambiental e biossegurança. Também entendemos que a educação do consumidor é parte essencial desse processo, por isso investimos em formas acessíveis e didáticas de comunicar nossas ações.
Quais são os modelos mais inteligentes e sustentáveis da pecuária?
Modelos sustentáveis na pecuária envolvem a integração de sistemas agropecuários, nos quais a criação de animais é combinada com práticas agrícolas, promovendo sinergia entre as atividades e melhor aproveitamento dos recursos naturais. Adotamos tecnologias como os biodigestores, que transformam dejetos orgânicos em biogás e biofertilizantes, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente o metano.
Também utilizamos sistemas de irrigação com água de reuso, o que aumenta a eficiência hídrica e reduz a pressão sobre fontes naturais. A rastreabilidade e a certificação de práticas sustentáveis são pilares fundamentais para garantir a transparência da cadeia produtiva e fortalecer a confiança do consumidor.
Além dos benefícios ambientais, essas práticas contribuem para a eficiência operacional e fortalecem o vínculo com as comunidades do entorno.
Na Carapreta, iniciativas como o reaproveitamento de resíduos, a geração de energia limpa e a valorização de fornecedores locais fazem parte de uma estratégia que une inovação e responsabilidade. Com o mercado cada vez mais atento à forma como os alimentos são produzidos, seguimos investindo em tecnologia e processos que garantam não apenas a qualidade da carne, mas também a integridade de toda a cadeia.
Equilíbrio entre qualidade do produto e responsabilidade de quem produz. Você acredita que essa é a tônica do mercado atual e se intensificará no futuro?
Sem dúvida. O equilíbrio entre qualidade e responsabilidade tem se tornado um diferencial competitivo e deve se intensificar nos próximos anos. O consumidor está mais consciente e busca produtos que reflitam valores como ética, transparência e respeito ao meio ambiente.
Na Carapreta esse olhar já está incorporado à nossa forma de produzir. Acreditamos que é possível entregar um produto de excelência sem abrir mão da responsabilidade em cada etapa da cadeia. Seguimos investindo em inovação e aprimoramento contínuo, com o compromisso de evoluir junto com as expectativas do mercado e contribuir para uma pecuária mais sustentável e conectada com a sociedade.