Com a agropecuária crescendo 10,1% no 2º trimestre de 2025, o mercado mostra que o verdadeiro valor do agro está na gestão — não apenas na safra.
O agronegócio brasileiro vive um momento de brilho: dados recentes do IBGE mostram que a agropecuária cresceu 10,1% no segundo trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024. Ao mesmo tempo, o setor enfrenta um dilema: como transformar empresas familiares tradicionais, com gestão pouco profissional, em ativos atrativos para investidores, que exigem resultados claros, governança e perspectivas de saída?
De acordo com José Loschi, fundador da SRX Holdings, empresas rurais que operam no piloto automático desperdiçam potencial. “Se você implanta métricas orçamentárias, visão de longo prazo, ajuste no custo de capital e na matéria-prima, é possível tornar a operação mais robusta e vendável. A clareza na gestão muda o jogo e a expectativa de retorno faz o mercado correr atrás”, afirma.
Nos últimos anos, a transição para uma agricultura com mais métricas e accountability tem ganhado tração, em que fundos de investimento e players do agronegócio vêm comprando participações em empresas do setor, exigindo padrões de reporte, eficiência e mecanismos de controle que antes eram pouco usados nas operações rurais de porte médio.
O fenômeno que alguns chamam de “agro turnaround”, ou “reestruturação operacional rural”, combina elementos de estratégia financeira com atuação de campo: reavaliar mix de culturas, renegociar dívidas, digitalizar logística, ajustar cadeia de fornecedores, monitorar custos por talhão. O desafio é grande, pois há entraves culturais, resistência interna e falta de talento especializado no campo.
Esse movimento nasce da necessidade concreta de alavancar a produtividade e rentabilidade em um cenário onde o setor, mesmo com bons resultados, exige muito mais disciplina. O agronegócio responde por uma fatia cada vez maior do PIB nacional; segundo pesquisa da Cepea/CNA, pode representar 29,4% do PIB do Brasil em 2025.
“Hoje o agro precisa de perfis que unam paixão pelo campo e domínio de gestão. Quem entende de números, riscos e planejamento estratégico consegue transformar o negócio rural em um ativo sólido e competitivo”, finaliza José.