Formação em rastreabilidade bovina, oferecida por ADEPARÁ, IPAM e SEAF, contribui para que a carne produzida no Estado venha de áreas que respeitem a legislação sanitária e ambiental.
Agricultores familiares de 12 municípios do Pará participaram do primeiro treinamento prático em operador de rastreabilidade, realizado nos municípios de Capitão Poço e Garrafão do Norte (PA). A formação capacitou 47 agricultores no sistema de rastreabilidade do Estado, ampliando a capilaridade do Programa e integrando a agricultura familiar em seu processo de implementação.
A formação foi promovida pela ADEPARÁ (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará), em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a SEAF (Secretaria de Estado da Agricultura Familiar).
“A iniciativa tem extrema importância no âmbito do Programa Pecuária Sustentável, realizado pelo governo do Pará, e representa um avanço significativo para o tema da rastreabilidade entre o público da agricultura familiar. Treinamentos como esse aproximam o segmento das ações do programa e ajudam a dirimir dúvidas que atravessam sua implementação”, explica Graciela Froehlich, pesquisadora do IPAM.
Durante o treinamento, produtores foram apresentados ao Programa Pecuária Sustentável, desenvolvido pelo governo do Pará. As palestras foram ministradas por Cássio Pereira, secretário de Agricultura Familiar, e Bárbara Lopes, gerente de Rastreabilidade e Cadastro Agropecuário da Adepará. As discussões ocorreram no campus Capitão Poço, na UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia). Em seguida, os agricultores e agricultoras, bem como representantes do território quilombola do Cutuvelo, participaram de uma atividade prática de aplicação dos brincos de identificação no rebanho, executada em parceria com a Associação dos Remanescentes de Quilombo do Cutuvelo, no município de Garrafão do Norte.
“Esse tipo de treinamento é de extrema importância. Não só porque desmistifica o que é a rastreabilidade, mas porque apresenta de forma objetiva o Programa Pecuária Sustentável do Pará, criando uma oportunidade de esclarecer os compromissos do governo, dos produtores, revendedores, da assistência técnica e demais atores implicados. Nesse contexto, a agricultura familiar e as comunidades tradicionais têm extrema relevância, uma vez que são detentoras de um rebanho expressivo no estado. É uma oportunidade única para engajar o público no Programa, realizar o treinamento de forma prática, e apresentar a estratégia de rastreabilidade, uma ferramenta importante de manejo do gado e de controle sanitário do rebanho”, comenta Cássio Pereira, secretário de estado da Agricultura Familiar do Pará.
Implementada por meio da aplicação de um conjunto duplo de brinco de identificação visual e um botton eletrônico, a rastreabilidade é um dos eixos de atuação do Programa Pecuária Sustentável, ao lado de Integridade e Fortalecimento e Agregação de Valor. Os criadores de gado na agricultura familiar recebem gratuitamente um conjunto de brincos e bottons desde que seus rebanhos tenham até 100 cabeças. A iniciativa prevê que assentamentos, territórios coletivos e povos tradicionais serão credenciados Operadores da Rastreabilidade Comunitários e todas as pessoas treinadas pela Adepará, incluindo produtores(as) rurais, poderão ser operadores da rastreabilidade.
“No curso aprendi a fazer a rastreabilidade bovina. Foi muito legal, porque vou poder repassar isso para a comunidade e para meus vizinhos. A rastreabilidade vai melhorar 100% nossa venda: o comprador saberá de onde o gado está saindo e onde ele nasceu. Vamos colocar os chips de rastreamento assim que tivermos todo o material”, comenta Romário de Oliveira, presidente da Associação dos Remanescente de Quilombo do Cutuvelo e um dos participantes do treinamento.
O IPAM compõe o Conselho Consultivo do Programa Pecuária Sustentável do Pará e, atualmente, é um dos seus coordenadores adjuntos. Esse Conselho tem como principal objetivo subsidiar o Conselho Gestor do Programa com orientações de ordem técnica, ambiental e jurídica, aprofundando as discussões e garantindo o monitoramento constante da efetividade das ações do Programa.
A iniciativa integra o projeto “Justiça Climática: florestas públicas destinadas, direitos protegidos e pecuária sustentável” desenvolvido pelo IPAM, em parceria com ICS (Instituto Clima e Sociedade).