Técnica gera maior produção de carne, mais leite, com animais geneticamente superiores e ainda, com um impacto na sustentabilidade da pecuária.
Pietro Baruselli, médico-veterinário e professor do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP): “A técnica de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) auxilia bastante na melhoria da eficiência reprodutiva”.
Em 2024, 20,4% das mais de 83 milhões de matrizes leiteiras e de corte no Brasil foram inseminadas, de acordo com o INDEX, relatório elaborado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) e o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (Cepea). Desse total, 91,8% das inseminações foram feitas por meio da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).
E não poderia ser diferente. Essa evolução vem já de vários anos de estudo e de pesquisas feitas tanto pelas universidades como instituições de pesquisa, que ajustaram eficientes protocolos de sincronização para a realização da inseminação sem detecção de cio, que é a IATF, levando em consideração a realidade brasileira, que é o rebanho de corte e o rebanho de leite, que é bem diferente da realidade, por exemplo, de outros países, aonde foi inclusive desenvolvido o primeiro protocolo de IATF em 1995 nos Estados Unidos.
Os pesquisadores brasileiros trouxeram, então, essa informação ao Brasil e começaram a fazer os ajustes para a realidade brasileira.
Quem explica esta evolução com exclusividade para a Revista Mundo Agro é Pietro Baruselli, médico-veterinário e professor do Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). De acordo com ele, no começo de 2000, somente 1% das inseminações eram feiras por IATF, ou seja, hoje 92% das inseminações são feitas por IATF. “É uma evolução espetacular. No começo de 2000, não foram estabelecidos nem 100 mil protocolos e hoje comercializamos 23 milhões de protocolos. Então, é um número espetacular. O crescimento é muito forte dentro da atividade, que dá um crescimento anual de praticamente 26,7% ao ano. Uma taxa de crescimento anual de uma tecnologia em mais de 20 anos, crescendo a 24% ao ano”, aponta o professor.
Em resumo, essa biotécnica reprodutiva cresceu de maneira exponencial desde 2002 – quando representava apenas 1% das inseminações. Esse aumento gradativo e contínuo da adoção da IATF para reprodução na pecuária (corte e leite) é explicado por diversos benefícios agregados, como melhoria da eficiência reprodutiva dos rebanhos, expansão do melhoramento genético, avanços na eficiência da tecnologia e redução de custos e maior profissionalização da pecuária brasileira, além de forte demanda do mercado por carne, leite e sustentabilidade.
O crescimento, segundo Baruselli, se deve principalmente porque ela foi desenvolvida para a realidade brasileira. “Levando em consideração o sistema de manejo brasileiro, protocolos eficientes para zebuínos, para fêmeas leiteiras criadas nas condições brasileiras também, taurinas e zebuínas. Hoje isso foi possível de ser adaptado. E por que ela cresceu dessa maneira exponencial? Porque além da eficiência técnica ter melhorado bastante nas condições brasileiras, hoje a gente oferece uma sincronização com alta eficiência reprodutiva. Quando uma fêmea é inseminada inclusive comparando com a monta natural, apresenta mais eficiência do que a monta natural em termos de produtividade, mas também em termos de retorno econômico”, diz.
Ele aponta que para cada real investido em IATF, comparando com a monta natural o criador tem ganhos de produtividade que geram retornos em torno de 4 a 6 Reais dependendo da fase de análise, porque isso depende também do valor do bezerro e do valor do leite. “Com este retorno, ela aumenta a produtividade, a eficiência e o retorno econômico do sistema de produção. Isso também justifica esse crescimento exponencial da tecnologia”, detalha.
Mesmo com o crescimento verificado, ainda há um ‘mar’ de oportunidades, já que quase 80% das matrizes não são nem inseminadas. O panorama atual é de adoção da IATF em grandes fazendas, enquanto os pequenos e médios produtores ainda utilizam a monta natural para a multiplicação do plantel.
A falta de infraestrutura adequada e o conhecimento técnico limitado em determinadas regiões restringem esse avanço. Contudo, os pesquisadores apontam que o principal obstáculo para a adesão às novas tecnologias — seja a IA, IATF e FIV, entre outras — é a carência de informações que possibilitem ao pequeno produtor compreender os ganhos financeiros decorrentes dessa modernização.
Mesmo com desafios, alguns fatores contribuem para o contínuo crescimento da IATF nos próximos anos, como avanço de assistência técnica qualificada; integração com outras biotecnologias – como sexagem de sêmen e Fertilização In Vitro (FIV); inclusão da pecuária de precisão nas propriedades bem como o uso de sensores para monitoramento reprodutivo; além da pressão por sustentabilidade e eficiência. “Acrescentando-se a esses fatores, a IATF por si só é uma biotecnologia extremamente vantajosa em termos econômicos para o incremento de produtividade de carne e leite e os números confirmam isso. Estudo realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) mostrou que a cada R$ 1,00 investido em IATF, o produtor recebe R$ 6,00 em rentabilidade”, diz. “Isso porque, com as condições ideais para a expressão da genética, juntamente com o aumento da eficiência reprodutiva dos animais inseridos no plantel, a pecuária de corte pode aumentar em 20 quilos o peso do bezerro ao desmame e garantir mais 1 arroba de peso do desmame ao abate, além de aumentar em 8% o número de bezerros ao final da estação de monta. Nos bovinos leiteiros, adicionamos mais de 350 quilos de leite produzidos no ano a partir da utilização de touros melhoradores, além da redução do intervalo entre partos, que aumenta a quantidade de vacas produzindo leite na propriedade na melhor fase da lactação (redução dos dias em leite – DEL)”, afirma.
Esses ganhos proporcionam, segundo ele, aumento da produtividade e rentabilidade nas fazendas, reduzindo os custos totais que, no processo de IATF, representam menos de R$ 100,00 por fêmea inseminada. “Por fim, é importante que o pecuarista se proteja de momentos ruins do mercado e invista em IATF e genética para não apenas se manter na atividade, mas evoluir com ela. Só assim poderemos alavancar a pecuária brasileira e consolidá-la cada vez mais como a maior e mais sustentável do mundo, do ponto de vista econômico e ambiental”, destaca.
Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e seu reflexo na sustentabilidade
Pietro Baruselli explica que a técnica de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) auxilia bastante na melhoria da eficiência reprodutiva. “Nós vamos inseminar uma fêmea já em um pós-parto bastante precoce, quando ela ainda não está ciclando. Então, se nós tivéssemos colocado touro para monta natural, ela não teria manifestado cio e não teria emprenhado e por IATF, pela sincronização para induzir uma ovulação, ela ovula e se torna gestante de inseminação. Então a gente diminui o intervalo parto-concepção, melhorando o intervalo entre parto das fazendas e, logicamente, melhorando a eficiência reprodutiva. Isso nós fazemos também com novilhas pré-púberes”, aponta Baruselli.
Segundo ele, a novilha demora, para manifestar o primeiro cio para que o touro faça a cobertura e para que ela se torne gestante. “No Brasil acontece geralmente com dois, três anos de idade. Mas o que nós podemos fazer através da IATF é preparar essa novilha para que ela seja inseminada mais jovem e traga um primeiro parto antecipadamente, logicamente com impactos positivos no melhoramento e na eficiência reprodutiva. Todas essas gestações, além de melhorar a eficiência reprodutiva, ela melhora o ganho genético, porque nós estamos usando sêmen de touros de altíssimo valor genético comparando com todos que estão cobrindo a pasto, eles são os touros que estão nas centrais, que têm provas ou técnicas e têm avaliação genética e genômica”, diz. Baruselli afirma que eles são os melhores touros para serem multiplicados. “E outra melhoria é a expansão genética também, porque, por exemplo, nós aumentamos a quantidade de bezerros nascidos, aumentamos a pressão de seleção por quantidade e também diminuímos a idade. A primeira concepção, o primeiro parto, diminuindo o intervalo de gerações. Isso faz com que acelere o ganho genético também. Então são todos estes os fatores positivos de introdução da IATF nos rebanhos”, aponta Baruselli.
A demanda pela prática de IATF é bem firme, de acordo com análise do professor. “Os dados e as análises indicam que nós vamos continuar aumentando a quantidade de animais inseminados por IATF. Temos ainda um universo de fêmeas muito grande no Brasil que é coberto por touro e não por inseminação e fazer uma IATF, comparando com touro, significa gerar mais valor para o sistema de produção de carne e leite. Isto já bem definido e bem evidente. Então o produtor, tendo conhecimento dessas informações, ele vai optar por utilizar a tecnologia, porque ela gera mais produtividade no seu sistema de produção”, diz.
E uma outra boa informação também, segundo ele, é que hoje o Brasil conta com um corpo de especialistas que oferece o serviço nas fazendas no Brasil. “Estimamos que nós temos próximo de 7 mil especialistas espalhados por todo o Brasil, qualificados para oferecer ao produtor a técnica de IATF, à técnica de inseminação com sincronização e inseminação sem a detecção de cio. A demanda é muito forte para continuarmos a crescer. Para aumentar a proporção de fêmeas em idade reprodutiva no Brasil, que recebe a inseminação artificial”, afirma.
Todos estes detalhes estão associados à aplicação da IATF, dado que ela tem avanços na eficiência, com redução de custo. “Hoje uma prenhez de IATF custa muitas situações, menos do que uma prenhez de monta natural, então ela reduz custo e aumenta a produção. Por isso os ganhos. Operacionais para cada real investido de 4 a 6 reais, como nós tínhamos comentado, dependendo do ano, dependendo do valor da carne ou do valor do leite. E a profissionalização da pecuária é evidente. Nós temos que ter uma pecuária cada vez mais profissionalizada. E a demanda do mercado também é muito forte. E produzir mais carne, mais leite, com animais geneticamente superiores, isso também tem um impacto na sustentabilidade da pecuária. Então, animais mais eficientes do ponto de vista reprodutivo e genético produzem mais por área com menos pegada de carbono, com menos emissão, com mais sustentabilidade. Nós temos estudos que mostram que com a IATF você pode reduzir em até 40% a quantidade de CO2 equivalente por quilo de carne produzido por litro de leite produzido”, destaca.
Criadores de gado estão buscando tecnologia com o objetivo de evoluir para uma pecuária cada vez mais eficiente
Thiago Parente, CEO da iRancho: “A IATF é uma ferramenta fundamental para a evolução do rebanho nacional, pois dessa forma o pecuarista tem acesso à genéticas que de outra forma não teria”.
A Mundo Agro também foi conversar com o CEO da agtech iRancho, Thiago Parente. A empresa analisou os dados compilados no ano de 2024 para desenvolver um levantamento sobre a pecuária brasileira a partir das 6 milhões de cabeças de gado espalhadas por mais de 10 mil fazendas cadastradas em sua plataforma. A principal conclusão extraída dos dados é que os criadores de gado estão buscando tecnologia com o objetivo de evoluir para uma pecuária cada vez mais eficiente.
Thiago Parente comenta que a realização da inseminação com dia e hora marcados apresenta uma série de vantagens. “A IATF é uma ferramenta fundamental para a evolução do rebanho nacional, pois dessa forma o pecuarista tem acesso a genéticas que de outra forma não teria. Outro ponto positivo é a evolução da tecnologia dos protocolos de sincronização. Que hoje possibilitam altos índices de taxas de prenhez”, elenca.
Com o aumento do descarte das fêmeas em 2024, também foi verificada uma redução no volume de animais desmamados. No entanto, o investimento em práticas mais eficazes proporcionou que a média de peso dos animais desmamados aumentasse em 34,3%.
O levantamento apontou, ainda, que a taxa de natalidade anual ultrapassou a marca de 150 mil animais, registrando um aumento de 13,47% em relação a 2023. Outro dado expressivo foi o crescimento no número total de animais por fazenda entre os usuários iRancho: o aumento foi de 43% em comparação ao ano anterior.
Para o CEO da iRancho, esse crescimento reflete não apenas a expansão da produção, mas também os efeitos positivos das práticas estratégicas implementadas graças à tecnologia.
“Acho que captamos esse momento de mercado: os pecuaristas brasileiros estão convictos de que o melhor caminho é investir em soluções que utilizem tecnologia para fazer a gestão, controle e rastreabilidade dos animais. É o que nos tem levado a crescer cerca de 50% anualmente, projeção que queremos manter para os próximos anos”, avalia Parente.
Acompanhe a entrevista na sequência.
Qual é a melhor maneira para os criadores de gado ampliarem a tecnologia com o objetivo de evoluir para uma pecuária cada vez mais eficiente?
Divido essa resposta em duas áreas importantes: a primeira delas diz respeito à degradação, recuperação e a boa utilização da pastagem. O Brasil ainda é muito deficitário nesse aspecto, então a tecnologia de pastejo precisa ser adotada. É uma tecnologia que não é complexa, mas extremamente importante para o resultado no campo e para a consequente adoção de ferramentas mais modernas.
O outro viés que eu gostaria de abordar está diretamente ligado à operação da iRancho. A maior parte dos pecuaristas ainda não tem acesso a informações básicas sobre a sua propriedade, como por exemplo, o número de animais no pasto.
Imagine o que é ter dezenas de milhões de reais imobilizados em animais que o pecuarista nem sabe que existem. Menciono a segunda tecnologia que considero essencial para levarmos em consideração: a identificação unitária dos animais e, se possível, a identificação eletrônica. Com um sistema capaz de dar conta da identificação, ganha-se eficiência, elimina-se o erro, aumenta o bem-estar animal, reduz o estresse do colaborador, entre outros benefícios.
Portanto, tudo começa com a boa utilização das pastagens e com a identificação do rebanho, ambos são objetivos basilares. No entanto, quando conseguimos transcender esses pilares iniciais, temos inúmeras possibilidades de tornar ainda mais refinada a utilização da tecnologia. Já é possível fazer pesagem por imagem, drone para leitura de curso e identificação dos animais, sistema de automação de trato, e muito mais.
Precisamos elevar essa barra média da nossa pecuária, implementar tecnologia e inteligência de negócios para que consigamos tornar cada vez mais completa a nossa atuação enquanto fornecedores de proteína vermelha para o mundo.
Qual sua análise sobre o aumento da procura dos pecuaristas pelo tipo de reprodução IATF (inseminação artificial em tempo fixo) em detrimento à monta natural e como ele tem melhorado a produtividade no campo?
Em 2024, das mais de 83 milhões de matrizes leiteiras, pouco mais de 15 milhões são por meio de IATF: estamos atrasados em relação ao resto do mundo. A minha impressão é que os pecuaristas que se mantêm resistentes guardam em mente uma experiência passada que foi negativa, em um momento no qual ainda havia pouca pesquisa e tecnologia associada.
Hoje, com a evolução da genética do rebanho e das técnicas de IATF, já existem nas fazendas fêmeas emprenhando com onze meses, às vezes até com menos. Não há dúvida que a IATF é a melhor solução para obter a evolução genética do rebanho.
Quem resiste à IATF em função de um preconceito, abre mão de ter acesso à alta tecnologia, a uma genética de altíssima qualidade e a um custo muito barato. É uma tecnologia que acelera a evolução do rebanho de uma forma incontestável
Como esta tecnologia impacta no aumento dos índices de taxas de prenhez?
A evolução dos protocolos da IATF, do ponto de vista da tecnologia, é bastante recente, data de cerca de 20 anos atrás. Lembro que, no começo, se diluía o sêmen na clara de ovo, para você ter ideia.
Agora temos as pesquisas mais elaboradas para evoluir o protocolo, evoluir hormônios, produzir o melhor diluente, tudo científico, comprovado, que alavanca as taxas de sucesso. Se lá no começo, girava em torno de 50%, hoje, dependendo da categoria, pode atingir até 80%. Todo esse progresso no processo aconteceu quase que exclusivamente por conta da evolução dos protocolos.
Existem também pesquisas específicas para cada categoria de animal. Se eu tenho uma fêmea superprecoce, um animal dos seus 10 a 12 meses, preciso utilizar o protocolo mais adequado para aquele animal, que talvez não esteja 100% maduro do ponto de vista reprodutivo. Nesse sentido, empresas como a GlobalGen desenvolveram implantes de progesterona menores, específicos para novilhas.
O Brasil está na vanguarda da ciência da reprodução, mas ainda assim, novamente, a nossa média ainda é muito baixa e a gente precisa adotar essas melhores práticas para ter uma evolução de rebanho que nos coloque na mesma prateleira dos outros países, que nos permita entregar um diferencial de produto.
Você olha para a carne brasileira hoje, é a mais barata do mundo praticamente, virou commodity. Se não utilizarmos a tecnologia que está disponível, não conseguiremos evoluir e nos diferenciar para aumentar o valor do nosso produto.
Quais são os destaques que apontam que o investimento em práticas mais eficazes proporciona que a média de peso dos animais desmamados aumente em 34,3%? Como é feita essa análise? Dê detalhes dessa interface entre a tecnologia e o campo.
O simples fato de você conseguir usar uma tecnologia que te dê acesso a genéticas melhores vai gerar animais com melhor conversão do que você teria de outra forma. E você vai ter uma evolução clara desse rebanho.
Antigamente você não tinha as informações, mas hoje em dia, usando um sistema de gestão como o da iRancho, é possível identificar qual acasalamento foi utilizado, quando foi, como foi, como e quando nasceu, além de como e quando desmamou. Ou seja, conseguimos apurar resultados de forma muito mais clara.
Hoje em dia a tecnologia te permite ter acesso a muito mais informação, que permitirá ao pecuarista entender qual o melhor touro para as vacas que possui, tomar essa decisão e orientar a reprodução com base em dados.
Como é feito o treinamento do pessoal nas fazendas?
Boa parte do nosso esforço é direcionado para entender como podemos facilitar essa coleta de informação e a operação da solução como um todo. Nossa maior preocupação é com o usuário porque há colaboradores que utilizam nossa solução que são pessoas com baixa escolaridade e pouca familiaridade com tecnologia.
No processo de desenvolvimento da nossa solução, esses fatores já são considerados. No aplicativo para o dia a dia, nos preocupamos em utilizar menos texto, cores vibrantes e ícones maiores. Cada parte da solução é direcionada para o perfil de cada usuário, tornando mais intuitiva a utilização para aquela pessoa que tem mais dificuldade de escrita ou de leitura.
Em 90% dos casos, o treinamento é feito de forma remota e conseguimos altos índices de engajamento. Quando se tratam de operações maiores, o pecuarista pode contratar um consultor para fazer o treinamento in loco. Em ambos os casos, a usabilidade é nossa maior preocupação: a prioridade é pensar na pessoa que vai utilizar a iRancho. Nos treinamentos, mostramos para o pecuarista e seus colaboradores que a solução ajudará no dia a dia da fazenda, vai colaborar com o aumento da inteligência de dados e da produtividade, impactar diretamente na melhoria da rotina produtiva do trabalhador que está na ponta da cadeia. Tudo que a gente faz é para gerar valor para o pecuarista e sua equipe.
Você acredita que investir em soluções que utilizem tecnologia para fazer a gestão, controle e rastreabilidade dos animais é o que tem propiciado o crescimento de 50% anualmente, projeção que tende ainda a crescer para os próximos anos?
A percepção de que a solução que desenvolvemos entrega um valor real para o pecuarista é uma das coisas que mais afeta a adoção da nossa tecnologia. Outro fator que impacta também é o ‘boca a boca’: já tivemos inúmeros casos nos quais um pecuarista fica sabendo que o vizinho está usando, pede para visitar para conferir como funciona, entende que o nosso produto é uma ferramenta extremamente poderosa e robusta, pois agrega muita produtividade ao curral, percebe que também é muito fácil de usar, o que faz com que ele também acabe aderindo à iRancho.
A questão da sucessão na pecuária também é um fator relevante em nossa operação. Temos casos de pecuaristas bastante idosos que curtem a solução, mas não é a maior parte. Normalmente o pecuarista da ‘velha guarda’ tem certa resistência à adoção da tecnologia.
E quando vem a sucessão, com filhos e sobrinhos, com faixa etária de 30 a 50 anos, assumindo as propriedades da família, a primeira coisa que eles querem é entender o negócio do ponto de vista dos dados, utilizar a tecnologia para visualizar a operação. É neste momento que eles associam esse desejo à iRancho.
Existem, ainda, fatores mais indiretos, como por exemplo, o fato de instituições financeiras, no momento de avaliar financiamentos e empréstimos, atribuírem menor risco para uma fazenda que tem controle da gestão e de seus ativos por meio de uma solução como a nossa. Os próprios frigoríficos também estão fomentando cada vez mais que os pecuaristas utilizem a iRancho por entenderem que o criador que aplica rastreabilidade em seus animais, no final das contas, terá um produto melhor para oferecer.
Todas as pontas da cadeia estão convergindo para esse entendimento que dá conta que a adoção da tecnologia na pecuária é mais lucrativa, eficiente e sustentável.