Estamos próximos à COP30. Evento a ser realizado em Belém, Pará, em novembro deste ano, onde teremos a oportunidade única de diálogo sobre como realizar a implementação da pecuária sustentável e avançar com as boas práticas agropecuárias, sobretudo com o apoio de políticas públicas igualitárias e escaláveis.
As políticas públicas são ferramentas que podem apoiar a pecuária por meio da implementação de subsídios, créditos, programas de assistência técnica, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para o setor. Essas medidas são importantes para aumentar a produtividade, garantir a segurança alimentar e mitigar as mudanças climáticas.
O Brasil, pela vasta extensão territorial, clima favorável e diversidade de biomas, além de seus mais de 2,5 milhões de produtores com atividade pecuária, representa um importante sumidouro e solução para o processo de descarbonização, refletindo diretamente na conscientização da prática para a agenda climática global.
Neste contexto, a cooperação e sinergia entre os diferentes atores da cadeia da pecuária, bem como o fortalecimento de estratégias com o olhar para pequenos e médios produtores, nos faz refletir em como as políticas públicas, juntamente com ações do setor privado e terceiro setor, são ferramentas fundamentais para este avanço.
Podemos citar diferentes programas baseados em políticas públicas que já estão em prática, e que podem ser acessados pela agropecuária, dentre eles: Plano Safra, ABC+, Caminhos Verdes, entre outros.
Neste momento, precisamos que os esforços sejam direcionados em prol do avanço da transição do setor – que já caminha a passos largos – e, que se tornem entregas concretas, mensuráveis, sustentáveis economicamente e escaláveis.
Cabe aos atores envolvidos neste cenário a busca por diálogos mais produtivos que mirem em ações que garantam que as políticas públicas destravem os mecanismos e incentivos para o escalar da pecuária sustentável, garantindo que os recursos financeiros sejam utilizados de forma consciente e racional.
Incentivos na infraestrutura para o transporte e armazenamento dos produtos da pecuária sustentável, bem como para o combate a novas aberturas de áreas, à expansão irregular da fronteira agrícola e à promoção de regularização para a distribuição de terras, se fazem muito necessários conjuntamente com a conscientização dos produtores rurais.
A adoção dos diferentes modelos de integração (ILP / ILPF), recuperação de pastagens degradadas, promoção de práticas adaptativas (de transição), acesso à assistência técnica, tecnificação da produção, restauração ambiental, e implementação da rastreabilidade individual são práticas que precisam ganhar escala a todos os produtores de diferentes regiões, biomas e porte.
Estamos vivendo o momento de um chamado nacional para mostrar ao mundo que o sistema agropecuário brasileiro, e nossa legislação, tem uma enorme importância no cenário global. Políticas públicas, em especial por meio do programa ABC+, do MAPA, vêm se constituindo para promover avanços para enfrentamento à mudança do clima no setor agropecuário.
O estabelecimento de uma agropecuária nacional mais sustentável, resiliente, garantidora da oferta de alimentos aliada a conservação dos recursos naturais e, com o olhar para a eficiência e para a manutenção da produção para as próximas gerações, deve ser o objetivo comum do setor.
Está em nossas mãos mostrar ao mundo que o Brasil é uma grande potência de alimento e energia mundial, além de um dos mais importantes sumidouros para a descarbonização do planeta.
Resta fazer-se entender que, para que possamos avançar ainda mais, precisamos nos fazer ouvir como a potência que somos e termos aporte financeiro das demais nações para que tenhamos tração e escala nas práticas ligadas às políticas públicas já montadas estrategicamente para tal.
Michelle Borges, Gerente Executiva da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável