Para diretor financeiro, em 2025, o desempenho foi melhor do que em anos anteriores.
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O diretor financeiro acredita que a acredita que a demanda doméstica por carne bovina pode arrefecer nos próximos trimestres. O aumento na taxa de juros ainda não afetou a demanda interna por carne bovina, mas tende a prejudicar o poder de compra do consumidor nos próximos meses. No entanto, para o diretor de finanças e relações com investidores da Minerva, Edison Ticle, isso “não é uma má notícia, dada a correlação [que a carne tem] com o preço do boi”.Em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre, o executivo afirmou hoje (8/5) que, sazonalmente, este é o período mais fraco do ano no mercado interno. Porém, em 2025, o desempenho foi melhor do que em anos anteriores.
“A fraqueza acabou sendo menor que o normal e por isso tivemos queda de preços menor e volumes mais expressivos de mercado interno. O efeito do aumento de juros não pegou ainda o consumo de bens não duráveis”, explicou Ticle.
Entretanto, ele acredita que a demanda doméstica por carne bovina pode arrefecer nos próximos trimestres, em função do cenário macroeconômico, em especial a alta dos juros.
A conjuntura não é vista pelo executivo da Minerva como algo negativo porque ajuda a limitar a alta nos preços do gado, em um ano em que grande parte do mercado prevê elevação para os valores da arroba devido à virada gradativa de ciclo para menor oferta de boi e retenção de fêmeas.
Paralelo a isso, mais de 50% das receitas da Minerva são geradas no mercado externo, visto que a companhia é a maior exportadora de carne bovina da América do Sul, e as perspectivas são promissoras para as exportações.
Mercado externo
“A China parou as exportações dos EUA [para o país asiático] e isso vai ter que ser coberto”, afirmou Ticle, citando que os países da América do Sul devem suprir a lacuna deixada pelos americanos no mercado chinês de carne bovina.
A percepção é de que a China também está em um momento de estoques menores para proteína de boi, o que contribui para impulsionar os preços, além dos volumes embarcados.
Sobre os Estados Unidos, que atualmente são os maiores compradores de carne bovina da Minerva, Martin Di Giacomo, diretor comercial internacional da empresa, disse que a companhia optou por formar estoques lá porque “é um mercado que tem demanda”, pela falta de oferta local.
Na visão de Giacomo, as compras americanas também vão contribuir para o incremento de preços da carne no mercado internacional.
Sobre a abertura de novos mercados, a perspectiva da Minerva é de que, neste ano, o Brasil conta com chances reais de habilitação para começar a fornecer a proteína bovina ao Japão e Coreia do Sul. Na mesma linha, Giacomo vê com o otimismo a possibilidade de habilitação da Argentina para o Japão, país onde a Minerva também tem operações.
Por enquanto, as margens das unidades argentinas da Minerva são das mais pressionadas do grupo, quando comparadas aos demais países em que a companhia atua, devido às distorções macroeconômicas locais.
“Mas está vindo uma acomodação [na questão econômica]. Acreditamos que tem uma grande oportunidade em nível mundial”, disse Ticle, sobre as exportações de carnes da Argentina.
O país latino é conhecido pela qualidade do gado e venda de cortes de alto valor agregado. Inclusive, a operação da Minerva no Rio Grande do Sul tem sido tratada pela companhia nos mesmos moldes de gestão das unidades da Argentina e Uruguai. “Há uma grande oportunidade de melhorar o pricing [precificação] dos cortes naquelas fábricas [gaúchas], principalmente de cortes nobres”.
Novas unidades
Com a visão mais clara sobre os resultados vindos das plantas que foram adquiridas da Marfrig no ano passado, o diretor financeiro da Minerva estima que as unidades terão receita entre R$ 3 bilhões a R$ 3,5 bilhões por trimestre, sem considerar as unidades no Uruguai, cuja aprovação ainda não foi dada pelas autoridades concorrenciais do país.
Há também a projeção de R$ 1,3 bilhão de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) por ano ou em 12 meses quando essas plantas estiverem operando com a capacidade máxima de utilização, de 75%, percentual esperado para o terceiro trimestre deste ano.
No primeiro trimestre, as novas unidades já contribuíram com quase R$ 1,5 bilhão de receita. Com isso, e embarques em alta para Estados Unidos e China, a Minerva teve lucro líquido de R$ 185 milhões no período, de acordo com balanço divulgado ontem. Um ano antes, a companhia havia registrado um prejuízo de R$ 186,2 milhões.