O ICAP-L (Índice de Captação do Leite) subiu 1,13% de abril para maio na “Média Brasil”, superando o crescimento registrado em anos anteriores em muitas bacias leiteiras. Esse avanço é explicado por uma série de fatores, a começar pelos maiores investimentos dos produtores na atividade, devido a margens mais interessantes no último semestre.
Pesquisas do Cepea mostram que, depois de quatro altas consecutivas, o Custo Operacional Efetivo (COE) caiu 0,72% em maio na “média Brasil”, sobretudo em decorrência da desvalorização de insumos voltados à nutrição do rebanho. Esse cenário favorece investimentos na atividade, assegurando oferta mais consistente.
Se, de um lado, os preços no campo vêm em queda por conta do aumento da oferta, de outro, a demanda por lácteos não tem crescido pari passu a ponto de sustentar as cotações. Com isso, as indústrias tiveram maior dificuldade em escoar seus estoques e enfrentar a pressão dos canais de distribuição em maio. Levantamentos do Cepea realizados com o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) apontam quedas nos preços do UHT, muçarela e leite em pó negociados no atacado paulista – indicando o estreitamento das margens dos laticínios.
O aumento nas importações de lácteos também reforça a continuidade do movimento de queda no mercado interno. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram alta de 8,59% no volume de lácteos importados em maio frente ao mês anterior, em litros em equivalente leite – em um ano, o avanço nas compras externas é de fortes 18%. Apesar de as exportações também terem crescido e, inclusive, com força – o aumento foi de expressivos 59% de abril para maio –, o déficit em volume da balança comercial cresceu 7,1% de abril para maio, chegando a 169,4 milhões de litros em equivalente leite.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de maio/2025)
