É cedo para uma análise mais efetiva dos possíveis efeitos do tarifaço de Trump sobre as exportações de produtos brasileiros de origem animal, mesmo porque muita água ainda vai rolar em torno da questão. Por ora, o único fato certo é que as três carnes – bovina, suína e de frango – e os ovos estão sujeitos a um imposto de 50% para entrarem no mercado norte-americano.
As análises de governo e setor privado falam em prejuízos da ordem de US$1,5 bilhão, valor que envolve sobretudo a carne bovina, mas que também inclui os ovos, neste ano exportados em grande escala para os EUA para atender a demanda afetada com a perda de poedeiras pela IAAP. Assim, as perdas das carnes de frango e suína, se efetivamente se confirmarem, serão bem menores.
O acompanhamento efetuado pelo AviSite junto à SECEX/MDIC em relação, especificamente, à carne de frango, aponta que no 1º semestre de 2025, independentemente do tarifaço, as exportações do produto para os EUA sofreram fortíssima retração, pois foram mais de três quartos menores que a do mesmo período do ano passado. Mas tiveram pouca representatividade no cômputo geral, pois recuaram de pouco mais de 350 toneladas (1º semestre de 2024) para não mais que 82 toneladas neste ano – 0,0032% do total exportado pelo Brasil, resultado que colocou os EUA no 124º lugar entre os importadores do produto brasileiro.
Aparentemente, pois, os reflexos diretos do tarifaço sobre o setor serão menores do que na carne bovina. Indiretamente, porém, a carne de frango também tende a ser afetada, pelo menos internamente, na medida em que prevaleça o alto ônus imposto à carne bovina.