União Europeia adia implementação da lei de desmatamento para 2027

A União Europeia adiará o lançamento de sua lei antidesmatamento pela segunda vez, informou a Reuters, citando a comissária do Meio Ambiente, Jessika Roswall, na terça-feira, adiando a proibição de importações de commodities como óleo de palma ligadas à destruição de florestas por mais um ano.
Bruxelas já havia adiado a lei por um ano, mas isso não havia amenizado a oposição de parceiros industriais e comerciais como Brasil, Indonésia e Estados Unidos, que dizem que cumprir as regras seria custoso e prejudicaria suas exportações para a Europa.
Roswall disse a repórteres que o adiamento era necessário para atender às preocupações sobre a prontidão dos sistemas de tecnologia da informação necessários para dar suporte à lei. O atraso não estava relacionado às preocupações dos EUA com a política, disse ela.
“Estamos preocupados com o sistema de TI, dada a quantidade de informações que colocamos nele… Isso também nos dará tempo para analisar os diferentes riscos”, disse ela.
Commodities ligadas à destruição florestal
A lei de desmatamento da UE deveria entrar em vigor em 30 de dezembro e exigiria que os operadores que vendessem produtos como soja, carne bovina e óleo de palma nos mercados da UE fornecessem provas de que seus produtos não causaram desmatamento.
A política pioneira no mundo visa acabar com os 10% de desmatamento global alimentados pelo consumo de produtos importados pela UE, mas é uma parte politicamente contestada da agenda verde da Europa.
Como parte do acordo comercial com o presidente Donald Trump, a UE se comprometeu a trabalhar para atender às preocupações dos produtores americanos em relação à regulamentação. A indústria de papel e celulose dos EUA já havia exigido que os produtos americanos fossem isentos das regras.
Os países da UE, incluindo Polônia e Áustria, disseram que os produtores europeus não podem cumprir suas regras de rastreabilidade.
Em uma carta ao presidente da comissão de meio ambiente do Parlamento Europeu, vista pela Reuters, Roswall disse que a Comissão temia que o sistema de TI corresse o risco de “ficar lento a níveis inaceitáveis”, o que poderia prejudicar o comércio.
Ativistas ambientais criticaram a decisão da UE.
“Cada dia que essa lei é adiada equivale a mais florestas devastadas, mais incêndios florestais e mais condições climáticas extremas”, disse Nicole Polsterer, ativista do grupo ambientalista Fern.
O Parlamento Europeu e os estados-membros da UE devem aprovar o adiamento.